Breve Reflexão sobre a Felicidade
(Trago esse texto da minha página de blog. Sim tenho uma. Ainda acho charmoso, não sei…foi originalmente escrito em 05/08/2024)
Hoje acordei com vontade de entender coisas. Eu deveria estar escrevendo minha tese. Mas claro que procrastinar é muito melhor. Bom...então eu decidi assistir um vídeo no yt fazendo um comparativo entre a qualidade de roupas atualmente e no passado. Achei bem interessante. Outra hora volto nisso. Quando terminei o vídeo, ainda não estava satisfeita. Nos vídeos relacionados achei o documentário sobre felicidade ("happiness"). Esse é um assunto que me atraí. Um dos vários. Esse, especificamente, pois eu tenho uma predileção a ser feliz. Eu sempre me considerei acima da média no quesito "estar feliz". Se isso fosse uma competição (ponto 1) e se existisse uma pontuação (ponto 2). Sabemos que não é nenhum dos dois casos. Enfim, o reporter/documentarista (como me refiro a pessoa fazendo o documentário?). Enfim, o narrador, vai até a Dinamarca, o segundo pais mais feliz do mundo. Acho que a Finlândia é o primeiro. Por que ele não foi pra lá então? Realmente, não sei.
Bom, uma vez lá ele imerge na cultura para tentar entender sobre e achar a "fonte" da felicidade. Bom, não quero dar muito spoiller aqui, já que acho que compensa assistir o documentário (não vai consumir muito do seu tempo e acho que pode te trazer reflexões interessantes.). No meu caso, trouxe uma certa massagem ao meu ego. Eu explico. Há uma década mais ou menos, eu venho batalhando nos campos de sucesso-felicidade-fracasso-tristeza. Eu tenho uma facilidade em estar feliz, mas não significa dizer que eu sou a Dora, a aventureira (por falta de personagem feliz e alucinado). É claro que dizer que sou feliz com frequência na minha rotina, não quer dizer que não experimento momentos de frustração, tristeza e etc. Até porque felicidade e tristeza, pra mim, existem na mesma moeda e giram e se revezam. É meio o caso de "precisa de escuridão pra enxergar as estrelas" e "não dá pra ser feliz se em algum momento você não souber o que é tristeza". Ponderado isso, na última década tenho sido empenhada em viver o momento presente. Quase como uma meditação em tempo real. Tentando viver o menos possível no futuro (o menos possível que minha ansiedade permita, naturalmente).
E, como a pessoa distraída que sempre fui, diferente das décadas anteriores tento refletir e extrair muito de cada experiência vivida. Focando em grande parte nas boas memórias. Então, quando faço uma viagem, eu curto a viagem, eu falo sobre a viagem antes de acontecer, enquanto acontece e relembro a viagem em muitas e muitas ocasiões. Para mim mesma, mas também com meu parceiro de vida. Isso é algo que comecei a fazer mais recentemente. No passado, uma experiência vivida não era trazida à vida com muita frequência. Hoje, sinto que cada experiência impregna em mim, pois eu a revivo tantas vezes, que parece que tem poucos meses que q vivi. Isso tudo para dizer, que os dinamarqueses tem esse hábito, ao menos os entrevistados. Eles compartilham desse jeito de viver as coisas.
Além disso, eles pagam taxas altas de imposto, mas tem um país que dá suporte à sua sociedade. Recebem pagamentos justos e tem acesso a saúde e lazer sem comprometerem as finanças. E, depois que me mudei, comecei a testemunhar essa parte. Na sociedade em que estou inserida me sinto amparada. Mesmo que não seja como uma Dinamarquesa, a verdade é que o que tenho hoje é muito mais seguro do que de onde vim. A minha base é a sociedade brasileira, e lá eu me sentia tão vulnerável e fracassada. Já aqui, sinto que mesmo que eu não trabalhe na minha área de formação terei um teto sobre minha cabeça e comida na mesa. E essa paz, ela me trouxe um sentimento de alívio que eu jamais tinha experimentado. E vamos combinar, que mesmo que minha realidade no Brasil não tenha sido das melhores, certamente me encaixo no grupo de pessoas cujos direitos básicos foram respeitados (vulgo privilegiados). O sarrafo é bem baixo já que o nível de desamparo da sociedade é enorme, na minha opinião. Eu abomino o conceito de meritocracia e de você se esforçar pra ter o mínimo que deveria ser ofertado para sociedade (ou seja, escola descente, moradia, comida, saúde e lazer)...Mas enfim, isso é papo pra outro texto.
Não dá pra ser ingênua e dizer que os países desenvolvidos são uns santos e por isso podem ofertar vidas melhores à sua população. Eu sei que eles exploraram e exploram os países subdesenvolvidos. Então não vou e nem posso entrar nesse debate. Não tenho capacidade intelectual pra isso. Só quis pontuar que sei que não é um mar de rosas. O ponto no fim é outro.
Ao ouvir sobre felicidade, entendi que temos que mudar a forma como entendemos a vida e vivenciamos o mundo. Não vamos resolver os problemas sociais. Cabe focar em nos salvarmos. Só quando colocamos a máscara de oxigênio em nós mesmos poderemos ajudar a pessoa ao nosso lado. E para nos salvarmos, temos que sair da lógica que nos consome e nos mantém presos. Precisamos estar presentes em nossas vidas. Precisamos viver e não sobreviver apenas. E pra isso, o dinheiro que ganhamos não pode ser disperdiçado no consumo que nos enfiam goela abaixo. Você não precisa do celular de última geração. Você não precisa da roupa da moda. Você precisa ter um hobby que te traga prazer, você precisa ter um lazer frequente, você precisa comer bem todos os dias. Você precisa de uma rotina que te traga alegria. Você não tem que se meter numa dívida pra viajar pras Maldivas, se você pode se divertir igual ou mais indo pra Arraial do Cabo. Para quê você vai comprometer sua saúde financeira e, muito provavelmente, mental entrando numa dívida de anos? De onde vem nossos desejos? Não seria agora o momento oportuno de investigar se seu desejo é seu? E mais que isso se esse seu desejo, muitas vezes construído na ingenuidade da infância, ainda faz sentido?
De uma certa forma, acho que a lógica que vivemos hoje existe pra nos prender dentro de um ciclo infinito de desejo, dívida, pagamento e novo desejo. Se você esquece que biologicamente somos feitos para desejar e buscar, você automaticamente perde a objetividade. Você fica preso nesse ciclo que consome seus dias, saúde e não te leva a lugar nenhum. E eu sei que falar essas coisas de onde eu estou agora fica muito mais fácil. Mas em minha "defesa", você tem que ter em mente que eu não sou bem-sucedida, minha vida não está "resolvida". Meu contrato de trabalho e, consequentemente, meu salário acabam no fim desse mês. Eu não comecei uma marca do zero e resolvi minha vida, eu não fiz um curso de coach e vendo curso milionário, eu não sei nada sobre investimentos, e meu dindin não está trabalhando por mim. Posso até não estar no mesmo barco que você, que está aqui me lendo. Mas estamos em barcos muito parecidos. Eu nem sei se esse conselho que eu tô dando aqui, sem ter sido solicitada, serve pra você. Eu nem sei se ele serve pra alguém além de mim. Mas eu queria tanto ter lido isso no começo dessa jornada, quando eu me sentia um fracasso total por não achar emprego na minha área de formação. Por não conseguir emprego nenhum, na verdade. Lembro de ir a um feirão de empregos em Madureira, no prédio da Escola de Samba...eu cheguei lá muito cedo, depois de 3 anos desempregada, com meu currìculo na mão. Esperei por 4 horas em pé numa fila. Quando, finalmente, consegui mostrar meu currículo eu ouvi um "O quê você està fazendo aqui? Você é qualificada demais para estar aqui". Como eu me senti patética. E desesperançosa. "Qualificada demais". Mas para os empregos que eu tinha qualificação eu não tinha experiência suficiente. Hoje eu entendo, hoje eu sei que o que aconteceu não foi nada demais, mas com vinte e poucos anos...isso te pega...isso magoa. E eu acho que foi por aí que meu sentimento de desamparo ganhou forma. De que adiantou os mais de 5 anos que levei pra fechar aquela faculdade? Hoje eu entendo que tudo foi necessário pra eu ser quem sou hoje. Mas teria sido melhor se pudesse ter sido um pouco mais leve.
Não sei se esse texto vai servir para alguma coisa. Espero que sim. Se eu puder deixar uma frase de efeito, acho que eu queria dizer que "você precisa viver sua vida no hoje. Porque o amanhã não existe e o ontem já passou. Mas não viva sua vida como se hoje fosse o último dia. Viva hoje, celebre, relembre, reviva. E não esqueça que amanhã tem mais".